Nessa correria do dia a dia, a gente nem repara muito nas coisas ao nosso redor. Mas um dia desses, quando eu estava preso no engarrafamento de rotina para voltar para casa, vi uma moça.
Moça porque não era nem menina nem mulher, era moça. Por mais que seu corpo me mostrasse uma mulher, o rosto ainda tinha traços de uma menininha. Devia ter, no máximo, vinte anos.
A moça tinha um olhar triste. Tinha um brilho, mas - acreditem - era melancólico. Como pode? Ela era tão bonita...
Por qual motivo estava ela triste?
Estaria tudo bem com a família? Teria ela uma? Será que tinha amigos? Eram esses os certos? Será que lembravam e cuidavam dela? Seria algum rapaz? Rapazes são ótimos para partir o coração das moças...
Qual seria o motivo dessa falta de alegria, Deus? Por que será que ela é triste?
Que terrível. É terrível quando rotulamos as pessoas. Afinal, a moça pode nem ser triste. Talvez a genética não tenha ajudado no espírito do olhar... vai saber.
Será que ela tinha feito alguém triste e, por isso, estava triste?
A moça me deixou triste.
Será que eu fiz alguém triste hoje?
O mundo corre ao nosso redor. Conversamos com muita gente, rimos com algumas gentes, paqueramos com alguma gente. Mas, pelo menos por um minutinho que seja, pensamos como elas se sentem? Ou elas vão só passando pela nossa vida, como se preenchessem espaços?