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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Era terrível a constatação: ela estava adorando tudo aquilo.
Tudo, sem exceção.
Justamente por isso - pela falta de exceções -, estava assustada.

Ela se perguntava porque tanta surpresa e falta das queridas exceções.
Talvez porque nas outras vezes não existissem anjos e diabinhos pairando sobre ela. E quando parou para analisar, estava gostando de ter um diabinho por perto, porque um diabinho atrai vários anjinhos - que são companhias melhores, venhamos e convenhamos.
Ou talvez pelo fato do coração dela perder uma batida - ou simplesmente dar três no tempo em que dava uma - quando ele fazia aquilo.
Eram reações estranhamente desconhecidas para ela, que chegou a pensar que nunca mais, never again, sentiria aquilo. E agora ela estava sentindo, e ainda mais forte, mais forte do que nunca. Por isso era estranho, desconhecido, por ser mais forte de tudo o que ela já havia sentido.
Porque a cada vez que ele a tocava com suas mãos quentes e de dedos finos, se espalhava uma onda elétrica dentro dela? E porque ela só falta morrer de gritar e de dar pulinhos quando recebe aquelas mensagens?

Okay, isso pode parecer um texto de uma garota apaixonada.
E quem disse que ela não estava?

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Tenho que assumir, tratei-me em terceira pessoa de novo.

sábado, 24 de outubro de 2009

Ele se definia como um homem romântico e tímido, mas apesar disso, sabia que não teria medo de enfrentá-la.
Certo, o verbo não seria bem enfrentá-la.
Há tempos que ele cultivava esse sentimento. Já havia pensado em desistir, e foi aí que veio a intervenção divina.
Ele não desistiria, e era hoje. Hoje seria o dia. Ele contaria tudo, sem faltar nada, para ela, a quem denominava 'Amada'.
Se encontrariam na escola, como todos os dias de todos esses anos, se cumprimentariam como sempre, mas ele ia inovar dessa vez.

- Heey, tudo bom? E o final de semana? - ele aparentava estar muito calmo - só aparentava, seu coração palpitava loucamente dentro do peito, quase gritando "é agora, é agora".
- Oi! Não, nada bem. - ela fez uma cara de descontente, e ele sentiu aquele aperto no peito ao vê-la sofrer.
- Hmm, quer contar?
Estavam andando pela quadra, e provavelmente iriam para o lugar em que sempre se sentavam.
- Achas que quando se gosta meeeesmo de uma pessoa, mas ela não sabe, e você não tem ideia se ela aceitaria, vale a pena contar, se arriscar?
Para ele, aquilo soou como um sinal. "É agora, é agora", seu coração não cansava de gritar.
- Bom, posso te contar uma história? Aí você deduz, pode ser?
- Hm, okay então. - ela deu aquele sorriso radiante - que ele tanto adorava -, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados e brancos, e deixando transpassar aquele suspense para a atmosfera em volta dos dois. Tudo num só sorriso.
- Existe um garoto, que ama, definitivamente e verdadeiramente, uma garota. Ele a ama há muito tempo, mas ela não faz ideia disso. E bom, ele decidiu parar de esconder o que sente, decidiu expor tudo, sem medo. Ele chega nela e diz, indiretamente, "Sempre te amei". Ele imagina que ela reaja positivamente em relação a isso. Agora, suponhamos que eu sou o garoto e você a garota. O que você faz?
Ela abriu a boca, daquele jeito que ela fazia quando queria dizer "Como...?". O coração dele acelerou.
Pronto, ele tinha contado. E só faltava a reação dela. O suspense ainda no ar, e ela...
- Ou então que eu sou o ... garoto e você ... a garota. - a voz dela falhou, assim como o coração dele.
- O que você ... faria? - ele destacou a última palavra, e queria reagir, mas ela foi mais rápida.
Estavam de pé, no canto da quadra, no lugar - já marcado como - deles. Ela, encostada na parede, ele, a poucos metros dela.
Ela se lançou nos braços dele como nunca havia feito, mas sempre havia desejado.
Ele a beijou como nunca havia beijado, pois nunca teve os lábios dela presos aos seus, mas de alguma maneira, eles se entendiam, como se fossem feitos um para o outro.

sábado, 10 de outubro de 2009



Eu queria comer sorvete com cereja, ou então leite condensado com ovomaltine.
Mas não deu, então vou escrever alguma coisa. -



A cama sempre fora espaçosa demais para ela, que morava sozinha no 13º andar do prédio, no centro da cidade. Ou seja, as suas noites sempre eram movimentadas. Às vezes eram acidentes com carros, às vezes um vizinho que chegava bêbado.
Mas essa noite foi realmente diferente. Ela dormira como não dormia há muito tempo. E agora, que estava acordando, havia começado a perceber que não estava mais em seu apartamento.
A aliança pareceu queimar agora.
Ela estava casada.
Respirou fundo, gemeu, e se virou, dando de cara com ele. Ele era o seu marido. Marido. Casados. Ele era dela, somente dela. Não conseguiu evitar o sorriso em seu rosto. Levou sua mão até o peito dele, e a deixou lá, descansando, enquanto ela absorvia tudo aquilo.
O quarto do hotel era ótimo. Janelas altas, com cortinas marfim, que filtravam a luz do sol, deixando o quarto claro suficientemente claro. A cama era grande, confortável. E o abajur ao lado da cama ainda estava aceso.
A festa fora perfeita. Nada errado, todo mundo feliz.
E eles estavam ali - dormindo, num hotel ainda na cidade - somente aguardando as nove da noite para viajarem. Iriam para a Itália, e depois para a Inglaterra, que era o sonho de ambos.
E a aliança queimava ainda mais agora, pegava fogo.
Ele, sob sua mão, suspirou e disse:
- Você é minha pra sempre?
- Pra sempre, enquanto minha alma existir. - respondeu.
- Então ótimo.
Então ele deu aquele sorriso pelo qual ela se apaixonou.
Ele pertencia à ela. Ele e o sorriso dele.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O mundo inteiro sabe que odeio o calor. Então seria prudente de sua parte perguntar o que eu faço morando na zona equatorial do Brasil.
É a mesma pergunta que me faço todas os dias.
E quando nem 'While my guitar gently weeps' - Beatles, meu novo vício, não me pergunte o porquê - e nem 'If U seek Amy' repetidas vezes resolve o problema, eu vou atrás de outros problemas, para esquecer do pior de todos - essa maldita gota de suor na minha nuca está incomodando.
Entrar no msn agora é prova de fogo. Sério, nunca vi tantas plaquinhas subirem tão rápido.
Clica em 'Entrar'. Após dez segundos, automaticamente, sobem as irmãzinhas, em fila indiana: uma lembrando dos meus 164 e-mails não lidos - não irei ler tão cedo -, outras três alertam que amiguinhos felizes com quem nunca falo acabaram de entrar e a última, mas não menos importante, a que me lembra de atualizar a versão do meu messenger.
Ah, droguinha. A maldita gota de suor parece que se dividiu por mitose e agora já são duas gotas incomodando na minha nuca.
Tudo bem, esqueçamos o calor - tentaremos -, o suor, o sono e a ansiedade.
Não, não esqueça dessa última.
Sou uma pessoa altamente ansiosa, e não vou esconder de vocês, amiguinhos felizes com quem compartilho minhas paixões e sentimentos, que agora, nesse exato minuto, estou esperando - ansiosamente, não se esqueça - que ele entre.
Young love, querido.
Ele fez dessa semana uma ótima e feliz semana. Ele foi minha companhia mais engraçada, crítica e irônica dos últimos dias. Ele foi a pessoa gentil que jamais imaginei que ele seria. E seus olhos ainda me derretem. Talvez o calor invisível que emana daquele castanho-bronze jamais pare de me derreter.
Certo, parei por aqui. A garotinha apaixonada foi dormir.
Será que ele entrou?
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