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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A página em branco me dá ideias, me deixa livre pra dizer qualquer coisa.
A vida é uma peça de teatro, onde todos somos personagens não-permanentes, pois o roteiro pode mudar a qualquer instante.

Respirei fundo.
A vida não era mais a mesma, nunca mais seria.
O tempo de luto já havia passado, eu precisava seguir minha vida.
Não quer dizer que meu coração não se despedaçasse todas as vezes que eu olhava para os lados.
Eu precisava sair dali. Só não sabia onde iria parar, mas ali eu não ficaria.

Era noite, e chovia. A água escorrendo pelo vidro da janela do carro acompanhava o ritmo de minhas lágrimas, que iam deslizando sobre minha face. O ar estava gelado, o velocímetro apontava 125km/h e eu estava na rodovia.
Antes que você pergunte, eu não estava tentando me matar. Não quer dizer que a morte não viria. E eu não acharia ruim.

Para falar a verdade, eu nem sabia em que ponto da rodovia estava. Todos os pontos conhecidos já estavam muito longe, lá atrás.
As plantas que cercavam o asfalto se mexiam freneticamente, o que me fez constatar que devia estar ventando muito do lado de fora, além de ter raios ao longe - aparentavam estar longe, pelo menos. Desde pequena os raios me fascinam. Com aqueles não seria diferente. A maneira como eles cortam o céu me lembra a situação de meu coração, despedaçado para sempre. Essa era a diferença, os raios cortavam o céu por frações de segundo, o meu coração estará, para sempre, cortado. A ida dele feriu, cortou, para sempre, o meu coração, que só ele sabia como fazer palpitar anormalmente.
Mais lágrimas se formaram.
Minha visão estava embaçada, e a chuva se intensificou. Pisei no acelerador, que não aceleraria apenas o carro.
Eu não tinha visto aquele caminhão antes, mas ele veio a calhar.
O velocímetro agora marcava 160km/h.
A chuva estava mais forte.
Havia vento e lágrimas.
E havia o meu desejo de tê-lo novamente, em algum lugar.
Por um momento, eu quis morrer.

Todos pensam que a morte é dolorosa, ruim. Não quando é por alguém, ou quando é a única solução. Ou os dois juntos.

Um comentário:

  1. ah, quem diria, entrando no negocio de textos com mortes no final... já disse que me deprimiu quando tu disse que minha tentativa em fazer um final infeliz não deu certo? poisé.
    enfim, eu senti um estranho friozinho na barriga enquanto lia isso, deve ter sido por causa do meu medo de velocidade, mas ja tou superando isso, juro que tou >.< e apesar de tudo, fiquei com peninha deles ;_;

    sexy lhamas sentiram sua falta.

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